A Linguagem do Conflito: A Verdadeira Medida de um Amor
Todo mundo fala sobre as linguagens do amor. Como você gosta de ser amado. Se é por palavras de afirmação, toques, presentes, atos de serviço ou tempo de qualidade. Há livros, vídeos, podcasts e terapeutas inteiros dedicados a esse assunto. E sim, isso é importante. Mas cá entre nós? Não é o mais importante.
Você quer realmente saber quem é alguém? Então não observe como essa pessoa ama. Observe como ela briga.
Isso mesmo. Porque é fácil amar quando tudo está bem. Quando tem música tocando, comida na mesa, férias planejadas e sorrisos trocados. Mas e quando o caos chega? Quando um se frustra, o outro se sente rejeitado, incompreendido, ferido? É aí que aparece a verdadeira face da relação , e da maturidade emocional de quem a vive.
A linguagem do conflito revela o que a linguagem do amor esconde.
Ela mostra o que está no subterrâneo emocional de cada um.
Ela expõe o que foi aprendido, o que foi ignorado, o que foi herdado e o que foi sufocado.
E se a linguagem do amor é a porta de entrada de um relacionamento, a linguagem do conflito é a porta de saída — ou a ponte que pode levar à evolução, se bem construída.
Existem sete formas comuns de lidar com conflitos , e quase todas nascem do medo.
1. O guarda explode.
É quem passa dias, semanas ou meses acumulando mágoas, engolindo sapos, dizendo "tá tudo bem" enquanto sangra por dentro. E então, um dia, explode. Mas não explode proporcionalmente. Explode tudo: as frustrações novas, as antigas, os traumas, o que ouviu da mãe em 2009. Explode no momento errado, da forma errada, com palavras que ferem e um ressentimento que poderia ter sido prevenido.
Essa pessoa aprendeu que falar é arriscar perder. Então guarda.
Mas guardar não é resolver. É apenas atrasar o colapso.
2. O confrontador agressivo.
Esse é o que transforma qualquer conversa em uma guerra. Ele berra, ofende, diminui, tenta vencer no grito. Para ele, ceder é perder poder. E por trás dessa armadura, há quase sempre um medo infantil de ser abandonado, enganado ou rejeitado. Ele prefere atacar antes de ser atacado. Usa frases como "você é louca", "ninguém te aguenta", "isso é drama seu", como mecanismos de defesa.
Mas a verdade? É que ele não está discutindo contigo. Ele está discutindo com o fantasma de algo mal resolvido lá atrás.
3. O muda-foco.
É mestre em manipulação emocional. Nunca discute o real problema. Tira o foco, muda de assunto, traz culpas passadas, faz você se sentir o culpado mesmo quando tem razão. Ele não quer resolver. Ele quer sair limpo.
Pra ele, todo problema é causado pela sua incapacidade de aceitar o jeito dele. É sutil, mas corrosivo. Vai minando a conversa até que você desista.
4. O amplificador ferido.
Fala com tristeza, como se carregasse o mundo nas costas. Se coloca como o que mais ama, o que mais faz, o que mais tenta. Mas exige reconhecimento constante por tudo que faz. E, nas discussões, joga na cara.
“Eu faço tudo por você e você nem nota.”
Esse tipo sofre em silêncio, mas não é passivo. É o mártir da relação. Quer amor, mas também quer medalha. E se não recebe, se ressente.
É amor que virou dívida.
5. O negociador justificador.
Usa a lógica como escudo. Não reconhece sua dor porque está ocupado demais tentando explicar a dele.
“Eu só falei isso porque me preocupo contigo.”
“Você entendeu errado.”
Para ele, não importa o que você sentiu, mas sim o que ele quis dizer. Esse tipo não é mal-intencionado, mas é emocionalmente negligente. Não sabe escutar com empatia, porque está sempre buscando estar certo , ou ser o bonzinho.
6. O analista frio.
Acha que o amor se resolve com argumentos. Se distancia emocionalmente do conflito e trata tudo como uma equação.
“Você está exagerando.”
“Se pensar com calma, vai ver que não faz sentido.”
Quer ganhar a discussão com razão, não com conexão. Mas relações não são debates. São espaços de troca emocional.
E quem racionaliza demais, anestesia a própria capacidade de sentir.
7. O extintor silencioso.
Foge do conflito. Se cala, desconversa, sai andando, vai mexer no celular, se fecha. Diz “tá bom, esquece”, “não vou discutir por isso” e enterra o problema. Só que ele não morre. Ele cresce no subterrâneo da relação.
O extintor acha que está sendo pacífico, mas está sendo ausente.
E a ausência numa briga é como um fantasma: o outro sente, mesmo quando não vê.
Agora a pergunta é: qual é a sua linguagem do conflito?
E mais importante: você está disposto a aprender a cuidar do outro quando ele está no pior momento dele? Porque é fácil dizer “eu te amo” na calmaria. Mas e no furacão?
É aí que se define a força de um amor.
Relacionamentos não acabam apenas pela falta de amor.
Eles acabam porque as pessoas não sabem lidar com o conflito, com a raiva, com a frustração, com o medo de serem vulneráveis.
Elas não sabem discutir sem machucar.
Não sabem discordar sem ferir.
Não sabem pedir desculpas sem se humilhar.
Você quer amar melhor?
Então aprenda a brigar melhor.
Porque o amor verdadeiro não é a ausência de conflito.
É a presença de habilidade emocional para enfrentá-lo com respeito, empatia e desejo mútuo de permanecer.
E isso… isso vale mais que qualquer jura de amor eterno.
Trago Fatos, Marília Ms.
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