As Feridas da Rejeição que Você Carrega Sem Perceber


Tem coisas que você faz achando que são normais, parte da sua personalidade, um jeito seu de ser. Mas, na verdade, são cicatrizes mal fechadas, marcas de experiências passadas que moldaram seu comportamento sem que você sequer percebesse. A ferida da rejeição, por exemplo, tem esse poder. Ela age silenciosa, mas comanda seus passos de forma brutal.

Se você se afasta das pessoas antes delas terem a chance de se afastar de você, isso não é desapego, maturidade ou um sexto sentido aguçado. É medo. Um medo que te paralisa e te faz agir antes que alguém tenha a oportunidade de te machucar. Você antecipa o abandono para não sentir a dor do desprezo. Mas, ironicamente, essa "precaução" te faz sofrer do mesmo jeito. Você se priva de conexões genuínas, de laços que poderiam ser verdadeiros, só porque sua mente constrói cenários catastróficos que talvez nunca acontecessem. Você cria desculpas, interpreta sinais onde não existem e se convence de que a melhor saída é sair antes.

E não para por aí. Você já percebeu como, em qualquer grupo, sente que está deslocado? Como se estivesse ali, mas não pertencesse? Como se fosse um convidado de última hora, uma peça sobressalente, alguém que está mais por insistência do que por desejo genuíno dos outros? Esse sentimento de exclusão não é acaso. Ele vem dessa mesma ferida, dessa sensação crônica de não ser suficiente, de ser um estranho em qualquer lugar, mesmo entre aqueles que gostam de você. É por isso que, quando alguém ri do nada, você acha que é de você. Quando conversam em voz baixa, você sente que estão te excluindo. Não é a realidade, mas é o que sua mente ferida te faz acreditar.

E o pior: essa ferida não só te faz sentir rejeitado, como também te faz aceitar relações que deveriam ser descartadas. Você atrai pessoas problemáticas, e pior, se envolve com elas. Elas chegam cheias de charme, energia, promessas de uma conexão única. Mas, com o tempo, você percebe que elas são emocionalmente indisponíveis, instáveis, tóxicas. E mesmo assim, você fica. Porque, no fundo, uma parte sua acredita que é isso que você merece. Que gente boa demais, estável demais, saudável demais não combina com você. Afinal, se você já foi rejeitado antes, se já te fizeram sentir insuficiente, por que agora seria diferente?

O problema da ferida da rejeição é que ela distorce sua visão sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor. Faz você agir contra o que realmente deseja, sabotar suas próprias oportunidades de felicidade, criar barreiras contra o afeto e se contentar com migalhas.

Mas quer saber a verdade? Você não precisa carregar essa ferida como parte da sua identidade. Você não precisa continuar sendo refém desse medo de ser rejeitado. Você pode se permitir ficar, se permitir pertencer, se permitir escolher melhor. Porque você merece mais do que essa dor disfarçada de defesa. Você merece laços verdadeiros, relações saudáveis e a certeza de que não precisa sair correndo antes do fim.
Trago Fatos, Marília Ms.

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