A proibição do uso de celulares na escola: um avanço ou um desafio?
O ano letivo de 2025 será um marco para a educação brasileira. Com a implementação da Lei 15.100/25, sancionada pelo presidente Lula em 15 de janeiro, o uso de celulares será proibido em escolas públicas e privadas de ensino básico. O objetivo da medida é claro: proteger a saúde mental, física e psíquica de crianças e adolescentes e melhorar o desempenho escolar, além de resgatar a qualidade da convivência dentro do ambiente escolar.
Apesar do alto índice de aprovação social, a nova norma gerou dúvidas e preocupações. Pais, responsáveis e alunos se perguntam: como será a rotina escolar sem celulares? Como garantir a comunicação em casos urgentes? E os alunos já viciados em telas, como lidarão com essa mudança?
O que a lei determina e como será sua aplicação?
A proibição é ampla. A legislação indica que o uso de celulares será vetado em todos os espaços escolares onde ocorrem atividades pedagógicas, ou seja, não apenas dentro da sala de aula, mas também durante o intervalo e recreio. Essa decisão reforça a ideia de que a escola deve ser um ambiente de aprendizado e interação humana, sem distrações tecnológicas.
Entretanto, a lei não impede que o aluno leve o celular na mochila, desde que ele permaneça guardado e sem uso durante todo o período escolar. Além disso, abre-se espaço para que estados e municípios detalhem as regras específicas, como já ocorre em São Paulo, onde os alunos são responsáveis por eventuais danos ou extravios dos aparelhos que optarem por levar.
Outro ponto importante da nova regulamentação é que situações de emergência e necessidades pedagógicas são exceções à regra. Ou seja, os celulares poderão ser utilizados caso um professor autorize o uso para atividades educacionais ou em casos de urgência, como problemas de saúde ou situações de risco.
Os desafios da adaptação: entre a necessidade e o vício
A dependência digital é um dos maiores desafios da nova política. Crianças e adolescentes cresceram imersos na tecnologia, e o celular se tornou um prolongamento de suas relações sociais, fonte de entretenimento e, em muitos casos, ferramenta de aprendizado.
A retirada abrupta desse recurso pode gerar sintomas de abstinência digital, como ansiedade, irritação e dificuldade de concentração. Para minimizar os impactos dessa transição, a lei determina que as escolas devem desenvolver estratégias para lidar com o sofrimento psíquico dos estudantes, promovendo diálogos sobre os riscos do uso excessivo de telas e oferecendo alternativas saudáveis de socialização e lazer.
No entanto, nem todas as escolas estão preparadas para lidar com essa mudança. Professores precisarão de formação para manejar as reações dos alunos, e o ambiente escolar deverá se reinventar para oferecer estímulos que substituam o apelo das telas.
O impacto no aprendizado e na convivência social
Pesquisas ao redor do mundo mostram que o uso excessivo de celulares em sala de aula prejudica a atenção, reduz a capacidade de retenção de informações e interfere no desempenho acadêmico. Na França, onde uma lei semelhante foi implementada em 2018, estudos indicam que a medida resultou em melhora na concentração dos alunos e redução de casos de cyberbullying.
Além do impacto na aprendizagem, a proibição pode transformar a dinâmica social nas escolas. Com menos tempo de tela, os alunos serão incentivados a interagir mais entre si, fortalecer laços presenciais e desenvolver habilidades sociais fundamentais.
No entanto, há quem questione se a simples proibição do uso de celulares será suficiente para combater os desafios educacionais. A qualidade do ensino e o envolvimento dos professores ainda são fatores determinantes para o sucesso acadêmico dos alunos, e não há garantias de que o desempenho escolar melhorará apenas com a retirada dos dispositivos.
A polêmica: controle ou retrocesso?
Apesar de a medida ser bem aceita por muitos pais e educadores, há críticas. Para alguns especialistas, a proibição parece um caminho autoritário e pouco flexível, desconsiderando que a tecnologia faz parte da realidade contemporânea e pode ser uma aliada no aprendizado, desde que usada com responsabilidade.
Outros argumentam que proibir o celular não resolve a raiz do problema, que é a falta de educação digital e o uso indiscriminado das telas fora da escola. Para esses críticos, o foco deveria estar em ensinar os alunos a usar a tecnologia de maneira equilibrada e produtiva, ao invés de bani-la completamente.
Conclusão: um novo capítulo para a educação brasileira
A Lei 15.100/25 marca uma tentativa ousada de reconstruir o ambiente escolar como um espaço de aprendizado real e interação social sem distrações digitais. Seus efeitos ainda serão testados na prática, e sua eficácia dependerá de como as escolas, professores e alunos se adaptarão a essa nova realidade.
O grande desafio será garantir que essa mudança traga benefícios concretos para a educação e a saúde mental dos estudantes, sem gerar um ambiente de repressão e desconexão com a era digital.
A escola sem celulares pode ser um avanço , mas só se vier acompanhada de uma educação que ensine o uso consciente da tecnologia, ao invés de apenas restringi-lo.
Trago fatos , Marília Ms.
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