O Caso Good Day: A Polêmica da Creatina Gummy, Credibilidade e Conspirações no Mercado Fitness



A trajetória da Good Day, empresa fundada por Mano City, ex-estudante de medicina, traz à tona uma série de questões pertinentes ao mercado de suplementos alimentares no Brasil. A proposta inovadora de oferecer creatina em formato de goma (gummy) visava atender a um público que busca praticidade e sabor na suplementação. No entanto, a empresa enfrentou desafios significativos que colocam em debate temas como transparência, ética empresarial e a credibilidade de influenciadores no setor de saúde e bem-estar.

A fundadora, ao lançar a Good Day, muitos especialistas e seguidores questionaram  a pureza dos ingredientes e a qualidade do produto, chegando a questionar a confiabilidade de  outras marcas já estabelecidas no mercado. Essa postura crítica, embora possa ser vista como um diferencial positivo, requer uma base sólida de conhecimento técnico e experiência na área de suplementos, o que levanta dúvidas sobre a real capacidade da empresa em cumprir tais promessas, dado o histórico acadêmico interrompido de sua idealizadora.

Um dos principais obstáculos enfrentados pela Good Day foi a remoção de seus produtos de todas as plataformas de vendas online, resultando na paralisação das vendas e em dificuldades para os consumidores. A fundadora sugeriu que essa ação poderia ter sido intencional, visando prejudicar a empresa. Embora tal possibilidade não possa ser descartada, é crucial considerar outros fatores, como possíveis falhas no cumprimento de regulamentações sanitárias ou comerciais, que poderiam justificar tal medida.

A controvérsia se intensificou quando um revendedor alegou ter sido enganado pela Good Day. Ele afirmou que promessas de exclusividade e divulgação não foram cumpridas, além de relatar mudanças no ponto de retirada dos kits de corrida sem aviso prévio. Adicionalmente, no dia do evento, a empresa ofereceu amostras grátis e cupons de desconto, comprometendo as vendas na loja do revendedor. Essas ações indicam uma possível falta de planejamento estratégico e respeito aos parceiros comerciais, elementos fundamentais para a construção de uma reputação sólida no mercado.

Porém, a polêmica surgiu após o revendedor recorrer às redes sociais, criando um perfil no TikTok para expor sua história, que rapidamente viralizou, alcançando milhões de visualizações.

A Good Day se pronunciou, afirmando estar disposta a realizar o reembolso integral do valor investido pelo revendedor, mas alegou não ter obtido resposta. Essa postura reativa da empresa sugere uma falta de proatividade na resolução de conflitos e na manutenção de relacionamentos comerciais saudáveis.

Outro ponto de crítica diz respeito ao preço elevado das gomas de creatina, vendidas a R$ 179,90 por pote, valor considerado alto em comparação à creatina em pó tradicional. Além disso, a qualidade da camisa fornecida em uma corrida organizada pela marca foi alvo de reclamações, sendo considerada de baixa qualidade por participantes. Esses aspectos reforçam a percepção de que a empresa pode estar mais focada em estratégias de marketing do que em oferecer produtos e experiências de valor real aos consumidores.

A questão central que emerge é: por que tanta credibilidade é atribuída a uma influenciadora sem formação concluída na área de saúde, farmácia ou experiência comprovada no mercado fitness? A confiança depositada em figuras públicas deve ser proporcional à sua expertise e transparência. No caso da Good Day, a falta de embasamento técnico e as controvérsias envolvendo práticas comerciais questionáveis sugerem que a credibilidade da fundadora e de sua empresa merece uma análise mais cautelosa por parte dos consumidores e parceiros comerciais

Mano City, a figura por trás da empresa Good Day, abandonou a faculdade de medicina para embarcar no mercado fitness, lançando um produto inovador no Brasil: creatina em forma de gominhas. O conceito, que visava oferecer praticidade em um mercado competitivo, rapidamente ganhou atenção, mas também trouxe à tona uma série de controvérsias que questionam a ética empresarial, a transparência e até mesmo a credibilidade da fundadora.

A marca surgiu com o discurso de fornecer ingredientes confiáveis e atender a um público cada vez mais exigente no setor de saúde e bem-estar fitness. Contudo, a retórica da transparência foi abalada quando a empresa foi removida de todas as plataformas de vendas online, paralisando as vendas e frustrando consumidores. Segundo Mano City, essa exclusão teria sido um ataque intencional à empresa, levantando suspeitas de sabotagem no mercado.

Outro ponto de discussão gira em torno da figura de Manu City. Jovem, loira e sem formação ou experiência em áreas como farmácia, saúde ou nutrição, ela se tornou o rosto de um negócio que promete excelência em produtos fitness. Muitos questionam como uma ex-estudante de medicina conseguiu captar tanta credibilidade em um mercado tão competitivo, enquanto marcas consolidadas, como a Granforyou, acabaram como vítimas desse episódio.

A questão dos influenciadores digitais sem formação que promovem marcas questionáveis ou fundam empresas com práticas dúbias reflete um problema multifacetado, onde a credulidade e a vulnerabilidade do público jovem são exploradas de forma sistemática. Essa dinâmica se instala por uma série de fatores interligados:

Primeiramente, os jovens estão em uma fase de formação de identidade, o que os torna naturalmente mais suscetíveis à influência de figuras que se apresentam como modelos a serem seguidos. Os influenciadores digitais, com sua comunicação próxima, autêntica e, muitas vezes, sem os filtros institucionais das mídias tradicionais, criam um laço de identificação que ultrapassa a barreira da simples recomendação de produto. Eles passam a representar um estilo de vida, um ideal de sucesso e até mesmo de pertencimento, fazendo com que os jovens assumam, sem o devido senso crítico, aquilo que lhes é apresentado.

Além disso, as plataformas de redes sociais foram desenhadas para maximizar o engajamento e a exposição. O algoritmo prioriza conteúdos que geram curtidas, comentários e compartilhamentos, o que muitas vezes favorece a propagação de mensagens chamativas e pouco fundamentadas. Esse ambiente altamente competitivo e visual faz com que os discursos de autoaperfeiçoamento e bem-estar frequentemente associados a produtos milagrosos ou à promessa de transformação imediata  ganhem força. Assim, os jovens, que estão acostumados a consumir conteúdos de forma rápida e emocional, acabam se deixando envolver por narrativas que, embora não tenham respaldo técnico, são irresistíveis em sua simplicidade e apelo emocional.

Outro fator importante é a falta de educação midiática e de senso crítico sobre o que está sendo consumido. Sem uma formação sólida que os capacite a questionar as informações e a buscar fontes confiáveis, os jovens se veem imersos num universo onde a distinção entre opinião pessoal, publicidade disfarçada e informação técnica torna-se cada vez mais nebulosa. Essa carência educativa facilita a propagação de práticas enganosas, pois o conteúdo é consumido sem a necessária reflexão sobre as implicações e os riscos de aderir a produtos ou ideias que não cumprem com as promessas.

A pressão social também exerce um papel decisivo nesse cenário. Em um ambiente digital que valoriza a aparência, o sucesso e a performance, os jovens se veem pressionados a seguir tendências que prometem transformar suas vidas, muitas vezes de forma imediata. Essa busca incessante por pertencimento e validação social faz com que eles ignorem os sinais de alerta, mesmo quando confrontados com práticas questionáveis ou inconsistentes. O desejo de estar “na moda” e de ser reconhecido em grupos sociais, muitas vezes, sobrepõe a cautela que um consumo mais consciente exigiria.

Por fim, a própria estratégia dos influenciadores aliada a uma regulação ainda deficiente nesse setor  cria um ambiente fértil para abusos. A falta de exigências rigorosas quanto à transparência das parcerias e à qualificação dos profissionais envolvidos contribui para que práticas desonestas floresçam. Grandes empresas, ao investirem em vitrines digitais e em perfis marketeiros, sabem que podem conquistar um público disposto a acreditar em promessas fáceis, e os influenciadores se aproveitam dessa brecha para expandir seu alcance e influência, muitas vezes sem qualquer responsabilidade pelo impacto real de suas recomendações.

Em síntese, o público jovem, que consome as redes sociais de forma intensa e emocional, torna-se vítima dessas vitrines por estar em uma fase de descoberta, carente de instrumentos críticos para filtrar o que é verdade e o que é marketing disfarçado. Essa vulnerabilidade, combinada com a alta competitividade e a falta de uma regulamentação eficaz, cria um terreno onde a desinformação e as promessas ilusórias se proliferam, deixando claro que a responsabilidade não é apenas dos influenciadores, mas de toda uma estrutura que precisa ser repensada para proteger os consumidores mais vulneráveis.

Essa história levanta questões profundas sobre a confiança no mercado fitness e os critérios pelos quais endossamos certas marcas e figuras públicas. Em um universo onde marketing é tão poderoso quanto a qualidade, será que estamos nos deixando levar mais pelo brilho das promessas do que pela substância dos produtos? Afinal, não basta vender a ideia de bem-estar; é preciso estar preparado para entregar um produto que realmente se sustente frente à ética, à transparência e às expectativas do consumidor.

Trago fatos , Marília Ms

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