A beleza do esquecimento

Em uma manhã nublada, enquanto a neblina abraça o horizonte e o vento murmura entre as folhas, há um momento raro de tranquilidade onde somos confrontados com o fluxo incessante do tempo. Este fluxo não é simplesmente um movimento linear e contínuo, mas uma tapeçaria complexa de memórias, esquecimentos e sonhos não realizados. Ao olharmos para o espelho d'água da nossa própria existência, somos forçados a refletir sobre a beleza paradoxal do esquecimento.

O esquecimento, em nossa cultura saturada de informações e demandas constantes, muitas vezes é visto como uma falha — um defeito a ser corrigido, um erro a ser evitado. No entanto, ele é um aspecto essencial da nossa condição humana. A memória, com sua capacidade de armazenar experiências e sentimentos, é uma bênção, mas também um fardo. Ela nos ancla ao passado, nos imobiliza e, às vezes, nos priva do presente. O esquecimento, por outro lado, oferece a liberdade de soltar amarras, de nos libertar dos grilhões de eventos passados que, de outra forma, poderiam sufocar nossa capacidade de viver plenamente.

Contemplemos o conceito de memória como uma vastidão de arquivos digitais, em que cada evento e emoção é meticulosamente registrado e catalogado. Se a memória fosse um oceano, então o esquecimento seria o mar aberto que nos permite navegar para novas terras, onde novos significados e descobertas estão à espera. Este mar, embora possa parecer vasto e ameaçador, também é um espaço de regeneração e renovação. O esquecimento nos dá a chance de redefinir nossa identidade, de reconstruir nossa narrativa com novos capítulos e novos contextos.

Há uma beleza intrínseca na impermanência das coisas. No instante em que esquecemos .
Trago fatos , Marília Ms

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