Sergipe: O Estado com Menor Preservação Ambiental no Brasil

Sergipe, o menor estado do Brasil, enfrenta uma crise ambiental alarmante: apenas 20% de sua vegetação nativa permanece intacta, o que o coloca como a unidade federativa com a pior taxa de preservação ambiental do país. Enquanto biomas como a Caatinga e a Mata Atlântica resistem, a agropecuária avança de forma avassaladora, ocupando 76,45% do território estadual e deixando pouco espaço para as áreas naturais. O impacto dessa expansão é devastador, comprometendo não apenas a biodiversidade local, mas também os serviços ecossistêmicos essenciais para a qualidade de vida.


A Caatinga, bioma típico do semiárido, cobre uma porção significativa do território sergipano. No entanto, desde 1985, o estado já perdeu cerca de 14% da sua vegetação nativa nessa região. Esse dado é especialmente preocupante porque a Caatinga, apesar de parecer árida, possui um ecossistema rico e adaptado às condições extremas. A degradação desse bioma está diretamente ligada ao desmatamento desenfreado para práticas agrícolas e pastoris, além da falta de políticas públicas eficazes para preservar a vegetação nativa.

A exploração econômica predatória não apenas reduz a vegetação, mas também altera o clima regional, contribuindo para o aumento da desertificação e a perda de solo fértil. A falta de iniciativas de reflorestamento e conscientização sobre a importância da Caatinga agrava ainda mais a situação, tornando a recuperação desse bioma um desafio quase intransponível.



A situação da Mata Atlântica em Sergipe é ainda mais grave. Um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo, a Mata Atlântica sofreu uma redução drástica ao longo dos séculos. Hoje, resta uma fração ínfima desse ecossistema no estado, fragmentada e altamente vulnerável. O avanço da urbanização, da agricultura e a expansão imobiliária, principalmente nas regiões costeiras, aceleram essa perda.

A recuperação da Mata Atlântica não é uma questão apenas de preservação ambiental, mas também de segurança climática e hídrica. As florestas desempenham um papel vital na regulação do ciclo das chuvas e na manutenção dos mananciais de água, que já sofrem com o uso indiscriminado. Sem essas áreas preservadas, Sergipe pode enfrentar crises hídricas mais frequentes e severas nos próximos anos.


O protagonismo da agropecuária na ocupação territorial em Sergipe é inegável. Com 76,45% do estado destinado a essa atividade, o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental torna-se uma equação cada vez mais difícil de resolver. O modelo agropecuário tradicional, baseado no desmatamento e na monocultura, ignora práticas sustentáveis e de baixo impacto, priorizando apenas o lucro a curto prazo. Isso resulta em solo degradado, esgotamento de recursos naturais e emissão de gases de efeito estufa, contribuindo diretamente para as mudanças climáticas.

A falta de incentivo à agricultura familiar e às práticas agroecológicas demonstra uma falha estrutural nas políticas ambientais e econômicas do estado. A agropecuária pode, sim, coexistir com a preservação ambiental, mas isso exige uma mudança de mentalidade e a adoção de tecnologias e práticas que respeitem os limites dos ecossistemas locais.


Sergipe precisa urgentemente de um plano robusto de conservação ambiental. A criação de reservas e áreas de proteção ambiental é fundamental para garantir a preservação dos biomas. Além disso, programas de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas devem ser implementados com rigor. A participação da sociedade civil e das empresas do setor agropecuário é crucial nesse processo, assim como a atuação do governo com políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável.

Educação ambiental também deve ser uma prioridade, para que as futuras gerações entendam a importância de preservar o pouco que resta da vegetação nativa do estado. Investir em alternativas sustentáveis para a agropecuária, como sistemas agroflorestais e o manejo sustentável da Caatinga, é uma necessidade para reverter esse quadro desolador.


Se nada for feito, Sergipe corre o risco de enfrentar consequências irreversíveis. A perda da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima e o armazenamento de carbono, comprometerá a qualidade de vida dos seus habitantes. Além disso, os impactos das mudanças climáticas podem ser ainda mais severos, com secas prolongadas e a perda de recursos hídricos.

A luta pela preservação ambiental em Sergipe é uma questão de urgência. O futuro do estado depende de ações concretas e imediatas para salvar o que resta de seus biomas. A escolha está nas mãos das lideranças políticas, do setor privado e da população: continuar o caminho da degradação ou adotar um novo paradigma de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.

Trago fatos , Marília Ms

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